segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Apresentação

Olá, meninos,

Quando eu nasci,
ficou tudo como estava.

Nem homens cortaram veias,
nem o Sol escureceu,
nem houve Estrelas a mais...
Somente,
esquecida das dores,
a minha Mãe sorriu e agradeceu.

Quando eu nasci,
não houve nada de novo
senão eu.

As nuvens não se espantaram,
não enlouqueceu ninguém...

Pra que o dia fosse enorme,
bastava
toda a ternura que olhava
nos olhos de minha Mãe...
                                      Sebastião da Gama
Quem fui eu? Uma criança como vós que nasceu num dia igual aos outros: havia trânsito na rua, fábricas a funcionar, alunos ouvindo os professores, outras crianças nascendo noutras casas…e tantas… tantas outras coisas que fazem parte do rodar dos dias. Quem sou? A professora Rita, vossa professora de Língua Portuguesa. Pois é, tal como vós, há coisas de que gosto mais e outras de que gosto menos. Ora deixem-me pensar... que não gosta a vossa professora? Tanta coisa! Não gosto de ser acordada cedo ao fim-de-semana, de me levantar para fazer o almoço; não gosto da falta de solidariedade que vejo à minha volta; não gosto de ouvir diariamente “É preciso mudar” e adiar a mudança para um amanhã que nunca mais chega; não gosto de mentira, hipocrisia, fingimento… detesto que não me digam “Bom dia”, Boa noite”, “Bom fim-de-semana”...
E agora, professora Rita, de que gosta mais? Mais, mais…gosto de estar com a família, partilhando uma daquelas refeições que se vão fazendo à medida que um e outro traz para a mesa o que lhe apeteceu ou pôde arranjar no momento; passar a tarde de domingo de fato-de-treino, à lareira, ouvindo os meus filhos queixarem-se da escola ou implicando um com o outro; dormir, enroscada nos meus lençóis – Ai, meu Deus! Só de pensar!... (Não sejas preguiçosa, Rita!) - e ouvir o silêncio e o conforto do quarto; ler poesia e sentir o sabor das palavras; ser professora; ouvir chamar, “Professora Rita”; sentir que os meus alunos se desenvolvem, crescem, sabem resolver problemas, podem perceber o que não percebiam e conseguem tudo isto num espaço onde houve tempo para partilhar, compreender, sorrir, brincar; conseguir que os meus alunos não estudem para a “nota” do fim do período, mas para aprenderem.
E agora, meninos, lembram-se de eu ter dito que “no dia em que nasci ficou tudo igual”?
Pois bem, agora que os anos passaram, o que eu gostaria mesmo muito é que alguma coisa estivesse diferente. O quê? – perguntam vocês.
- Que eu tivesse acrescentado algo na vida dos meus alunos.

2 comentários:

  1. Eu e acho tanto o poema, como o texto estão muito giros. No entanto, acho que não sou o único a pensar a mesma coisa.
    Tiago Miguel Leal Carvalho, nº25, 7ºD

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  2. Eu acho que as apresentações estão muito fixes
    Jorge canastra, nº13, 7ºD

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